Picture of author.

Albert Cossery (1913–2008)

Autor(a) de Proud Beggars

24+ Works 926 Membros 31 Críticas 6 Favorited

About the Author

Image credit: Albert Cossery, 1931

Séries

Obras por Albert Cossery

Proud Beggars (1981) 239 exemplares
The Jokers (1964) 222 exemplares
The Colors of Infamy (2000) 119 exemplares
The Lazy Ones (1948) 96 exemplares
Men God Forgot (1946) 79 exemplares
A Splendid Conspiracy (1975) 72 exemplares
The House of Certain Death (1944) 42 exemplares
Une ambition dans le désert (2000) 18 exemplares
Oeuvres Complètes (Tome 1) (2005) 9 exemplares
Oeuvres Complètes (Tome 2) (2005) 9 exemplares
If All Men Were Beggars (1957) 4 exemplares
Ambição No Deserto (2008) 2 exemplares

Associated Works

Meesters der Franse vertelkunst (1950) — Contribuidor — 2 exemplares
American Aphrodite (Volume One, Number Four) (1951) — Contribuidor — 2 exemplares

Etiquetado

Conhecimento Comum

Data de nascimento
1913-11-03
Data de falecimento
2008-06-22
Sexo
male
Nacionalidade
Egypt (birth)
France
Local de nascimento
Cairo, Egypt
Local de falecimento
Paris, France
Prémios e menções honrosas
Grand prix de la francophonie de l'Académie française (1990)

Membros

Críticas

MENDIGOS E ALTIVOS, Albert Cossery

Albert Cossery é um autor de culto. Fazendo a apologia da indolência, da desobediência passiva pela não-colaboração, renegando os valores da sociedade materialista e consumista, é frequentemente associado aos ideais anarquistas.

Nascido no Cairo em 1913 no seio de uma família de classe média de ascendência síria, foi educado em escolas francesas. Viveu grande parte da sua vida em Paris, para onde se deslocou aos 17 anos, com o fito de prosseguir estudos superiores que nunca completou. Residiu num modesto quarto de hotel no bairro de Saint-Germain-des-Prés de 1945 até ao fim da sua vida.

Amante do ócio, que lhe proporcionava o necessário espaço de reflexão, publicou (apenas) oito romances durante mais de 60 anos de vida literária. Era lento e metódico, depurando cada frase. Dizia que quanto mais tempo tinha para pensar, maior o pudor em escrever seja o que for.

Apesar de ter vivido grande parte da sua vida em França é no Cairo ou semelhante território imaginário que se desenrolam os seus romances, povoados por personagens da sua infância e adolescência.

Mendigos e altivos é uma apologia, não isenta de contradições, da indigência e desprendimento como filosofia de vida; da oposição pela não-colaboração: "Quando tivermos um país cujo povo seja unicamente constituído por mendigos, logo verás que coisa é esta soberba dominação. Cairá por terra como pó." – explica Gohar, professor de literatura e filosofia que se tornou voluntariamente um mendigo. Noutra as suas reflexões acerca de El Kordi, personagem que serve como contraponto do falso idealista, acrescenta: "«O que há de mais fútil no homem», pensou ele, «é essa busca de dignidade». Essa gente toda a pensar ser digna! Digna de quê? (...) Como se o facto de estar vivo não fosse em si uma dignidade."

O romance inicia-se nos humildes aposentos de Gohar. Dorme no chão em cima de jornais. Quando acorda o quarto está inundado. Gohar desperta lentamente, não sabe de onde vem aquela água. Percebe depois pelo carpir das mulheres que o seu vizinho morrera. A água que inundava a divisão, e que se lhe colava ao corpo, provinha da barrela do cadáver. Cossery quer-nos comunicar algo com este episódio. Não é apenas mais uma história curiosa, há nela um valor simbólico que conseguimos intuir, embora seja difícil de o conhecer com certeza.

Gohar acordara mais cedo que o habitual. Sente-se mal, precisa da sua dose de haxixe. Procura o Ieguene no prostíbulo de Set Amina. Segue-se o crime: Gohar estrangula uma jovem prostituta, Arnabé, imaginando que as suas pulseiras seriam de ouro e não pechisbeque. Um acidente, diz.

Todo o romance se desenrola na sequência deste incidente, desafiando os limites da moral, do poder e da liberdade. Embora Gohar não confesse o seu crime, também não se deixa condicionar por ele: não vive no medo de ser descoberto e preso. Todos querem a determinada altura reivindicar a autoria do crime: El Kordi para impressionar a amante; Ieguene para que Gohar não seja punido. O próprio Gohar, quando diretamente inquirido acerca do mesmo, confirma-o. Nur El Dine, o chefe de polícia, é o representante do poder. Mas nenhum destes personagens o reconhece como tal, desdenham até dele, denominam a sua ocupação como inútil. De que serve castigar alguém pelo sucedido? Isso não devolverá a vida a Arnabé. E que castigo poderá ser aplicado a quem mesmo na prisão se sente em liberdade? Que poder teria afinal a polícia, se todos estivessem disponíveis para confessar os seus crimes e serem castigados por eles? O poder da polícia (que é dos braços fortes do estado, que por sua vez é o instrumento de uma elite) assenta do medo, na busca de uma pretensa dignidade. O exercício do poder só é efetivo se for aceite, não é uma inevitabilidade. Gohar não colabora – recusa a angústia de nunca se sentir digno; de correr atrás de algo que não será possível de alcançar, concorrendo para reforçar o poder vigente. Da mesma forma, o roubo, por exemplo, não é um problema moral para estes personagens, pois tudo é roubo; sendo que serão eles quem menos o pratica.

Nur El Dine, por outro lado, embora seja um representante da ordem vigente, está ele próprio constrangido pela mesma, pois sente vergonha da sua homossexualidade. É um homem atormentado, para quem a felicidade é impossível. Não poderá ao mesmo tempo responder aos seus impulsos interiores e ao que julga ser esperado do si.

É sobre este fio narrativo que são dirimidos os limites do poder e da moral, a possibilidade da felicidade, contra a prevalência da angústia.
… (mais)
 
Assinalado
pedro.rondulha.gomes | 9 outras críticas | Apr 25, 2024 |
The pocket biography of Albert Cossery on the front page of my NYRB edition of Proud Beggars tells us, "Albert Cossery (1913-2008) was a Cairo-born French writer of Lebanese and Greek Orthodox Syrian descent who settled in Paris at the end of the Second World War and lived there for the rest of his life." Proud Beggars, first published in 1955, brings us the tale of three men living in an impoverished section of Cairo. To a great or lesser degree, they have all chosen their lifestyle. Gohar, in particular, is a former university professor who, in disgust at what he's come to see as the meaningless and hypocritical world of academia, has renounced participation in the world of professional and material values to live instead in poverty, in a tiny apartment, sleeping on a pile of old newspapers, his love for hashish his only real anchor. Gohar's friend and hashish source is Yeghen, also a poet. El Kordi is a low-level civil servant who is proud of his refusal to do any actual work and fancies himself a revolutionary. As Alyson Waters, points out in her introduction to this edition, "None of them is an actual beggar--they all have ways of making money, if only a pittance--but they are certainly free of ambition and otherwise indifferent to social convention." In particular, Gohar's world is framed by optimism, by his love of the people around him and the joy he sees in their existence. Small details of humans and their folly fill him with delight. As a counterweight to this optimism about the human condition in the poor quarter, the three friends share in common their conviction that the world is run by oppressors, scoundrels and thieves.

Near the beginning of the narrative, a young prostitute is murdered in nearby brothel in what appears to be a motiveless crime. Into the picture comes police inspector Nour El Dine who feels in the solving of such crimes and punishment of their perpetrators not any compassion for the victims but instead a maintenance of order, a defense of the status quo. Our three heroes take him on gleefully as a worthy if not particularly threatening adversary. And Nour El Dine has his own dissatisfactions and doubts.

The language and tone of the novel I found entertaining throughout. The characters' caustic takedowns of society's power structures I found often hilarious, and Cossery's powers of description and observation are rewarding, as well. His descriptions of the street life of this poor Cairo neighborhood reminded me sometimes of Isaac B. Singers' descriptions of the Jewish quarters of pre-war Warsaw.

Proud Beggars is in a way a comedy of manners, a sly attack on the mores of middle class society and the ruling class and a celebration of the daily joys of life. On the other hand, it's easy to see the flaws in the worldview, at least as presented here by Cossery. As noted above, all three of the protagonists have chosen their status, and none of them have families to support, adding to their freedom. They are all men, of course, and the murder of the young girl--her very humanity and the tragedy of her death--is for the most part shrugged off by all concerned. She is disposable, not just by the characters but, if Waters' introduction is accurate, by Cossery himself. Especially this last factor made Proud Beggars less enjoyable for me overall. Or perhaps through this factor, Cossery has in fact added a level of unfortunate and unintentional realism to his story.
… (mais)
 
Assinalado
rocketjk | 9 outras críticas | Nov 1, 2023 |
> BAnQ (Massoutre G., Le devoir, 16 déc. 2000, D-6) : https://collections.banq.qc.ca/ark:/52327/2798759
> BAnQ (Martel R., La presse, 17 déc. 2000, B. Lectures, B-7) : https://collections.banq.qc.ca/ark:/52327/2191356… (mais)
 
Assinalado
Joop-le-philosophe | May 23, 2021 |

Listas

Prémios

You May Also Like

Associated Authors

Alyson Waters Revisions to translation by Cushing, Introduction, Translator
Mirjam de Veth Translator, Afterword
James Buchan Introduction
Anna Moschovakis Translator

Estatísticas

Obras
24
Also by
2
Membros
926
Popularidade
#27,712
Avaliação
3.9
Críticas
31
ISBN
91
Línguas
12
Marcado como favorito
6

Tabelas & Gráficos