Artine Artinian (1907–2005)
Autor(a) de The Necklace {story}
About the Author
Image credit: Artine Artinian
Obras por Artine Artinian
Associated Works
Etiquetado
Conhecimento Comum
- Data de nascimento
- 1907-12-08
- Data de falecimento
- 2005-11-19
- Sexo
- male
- Nacionalidade
- Armenia
USA - Ocupações
- scholar
- Organizações
- Bard College
Membros
Críticas
Listas
Folio Society (1)
1970s (1)
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Estatísticas
- Obras
- 1
- Also by
- 1
- Membros
- 132
- Popularidade
- #153,555
- Avaliação
- 4.1
- Críticas
- 7
- ISBN
- 2
Vejo frequentemente certos autores baterem na tecla que deve-se, a princípio, ler não os grandes escritores, mas sim, aqueles que — além de clássicos — são também grandes compositores; escultores, carpinteiros em matéria de literatura. Aqueles que, de certa forma, nos permitem observar e apreciar a forma e o “esqueleto” da obra. Vislumbrar que a criação literária, ao contrário do pensamento popular, tem pouco de psicografia artística, e mais de transpiração laboriosa. Esse conto de 1883 é um desses casos. Há uma razão clara — e principalmente, técnica — que faz com que essa breve narrativa seja lida em Escolas e Universidades pelo mundo franco-anglófono afora.
Inveja, ironia, desejo, materialismo, são muitas as veredas que é possível desbravar e expandir o que foi suscitado (ou escancarado) pelo autor numa aula — além de que é inerentemente uma história ágil para os alunos; Maupassant não se atém em longas descrições, ele lhe pega pela mão e mostra onde acelera, e onde desacelera, suprindo cada necessidade, induzindo ritmo e uma dose certa de descrição na narração. A exemplo, são dezenas de anos que se passam em pouquíssimas páginas. Um bom exemplo da escrita do Maupassant você encontra logo nas primeiras páginas, onde em não mais que meia dúzia de parágrafos, ele insere o leitor na França da Madame Bovary e na psique da Mathilde (personagem central do conto). Sem firulas, sem exposição exagerada.
Em questão de temática, apesar do tema feminino, o questionamento e discussão a ser levantada após a leitura do conto é universal, e talvez por isso perdure tanto: fala, principalmente, sobre pessoas que derramam a sua energia vital, frustram-se, preocupam-se, cansam-se, e fazem de tudo para acumular riqueza e/ou impressionar os outros.
Por ser tão bonita quanto, ou até mais, que as outras abastadas Mademoiselles, Mathilde julga-se melhor e acima da situação atual dela e de seu marido, se vê condenada a um destanare cruel; vive de preços, e não de valores; por isso, condena a si mesma e perde o bem mais precioso de todos: o tempo. A troco de nada.
O final, irônico, não chega a ser triste, é um ''bem que ela mereceu'', mas insinua mudança. O que te faz pensar, no entanto, após terminar o conto, é que há aí pelo mundo uma quantidade imensa de Mathildes, e pior, que nunca cometeram ou cometerão os mesmos erros crassos da protagonista, ou seja, permanecerão a viver como a Mathilde-pré-colar por indefinidos tempos; na luxúria barata e nas fantasias quixotescas, até que o tempo, enfim, bata a porta; ou pior, que passe reto, implacável como sempre foi.
Alguns pontos adicionais a título de curiosidade: O Maupassant foi um venerável aluno do Flaubert, um dos maiores escritores da literatura universal; eu já havia lido outro conto dele na "Antologia da Literatura Fantástica" e, meu deus, como ambos diferem-se. O último ponto, que tem a ver com o anterior, é que, apesar dos dois contos que eu li dele deferirem bastante em dicção, temática e estilo, uma coisa se mantém, a forma de conto dele, que me parece bastante característica. Não tem uma ação central, um tempo uno, nesses dois contos, vislumbramos sim, um ponto narrativo central, mas passa a vida inteira das personagens após isso. Não sei se é uma forma de conto que me atraí tanto, ou se foi coincidência dos dois que eu peguei para ler se desenvolverem assim, mas gostei de ambos, até, e pretendo ler mais do Maupassant.… (mais)